15 julho 2008

A Ferro e Fogo

A “Ferro e Fogo” é uma obra literária que todo brasileiro deveria ler. Ela conta a história da devastação da Mata Atlântica, fruto da ganância e da ignorância da primeira leva de colonizadores europeus. Características que perseguem a população brasileira até os dias atuais. Nas primeiras páginas, o autor faz um comentário que ressoa pela sutileza esmagadora: “Os Portugueses foram incapazes de avaliar a grandiosidade de sua descoberta” Warren Dean.

Naturalistas famosos da época heróica da taxonomia, atirados nesse mundo vegetal maravilhoso e aterrorizante, ficaram paralisados e mudos. Von Martius expressou sua perplexidade com palavras como “exaltado e incomodado”. Charles Darwin se rendeu as palavras ao tentar manifestar suas emoções diante de tamanha exuberância e diversidade.

A Mata Atlântica é sublime, uma dádiva dos trópicos concebida pela evolução. O registro de 454 espécies por hectare no sul da Bahia confere o título de floresta mais rica do planeta. São 20 mil espécies de plantas, 620 espécies de aves e 261 espécies de mamíferos identificados nesse bioma, região ocupada por 120 milhões de brasileiros.

O que restou da Mata Atlântica ajuda a regular o clima, a temperatura, a umidade e as chuvas, proporcionando qualidade de vida para 70% da população brasileira.

Apenas 7% do total de 1 milhão de km2 ficaram de pé. Um dos desmatamentos mais velozes da história da humanidade ainda deixa para trás mais de 300 mil km2 de terras improdutivas. Ecossistemas relacionados à Mata Atlântica, como a Floresta com Araucária, reduzidas a apenas 1% de sua cobertura original, são exemplos das dramáticas conseqüências da cultura da exploração. Esse arsenal da vida foi praticamente esgotado num ritmo crescente no decorrer do século passado.

Longe de estar protegida, a Mata Atlântica é vítima das especulações imobiliárias ao longo do litoral, de projetos rodoviários, dentre outros.